terça-feira, 22 de junho de 2010

Um problema de inteligência pública

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"Estudantes têm cada vez mais dificuldades de base a Matemática"

"Os alunos são igualmente inteligentes. A formação é que é o problema. Na década de 1990 instalou-se a ideia romântica de que a aprendizagem tem de dar prazer e isso não é uma verdade absoluta. Vivemos um problema de inteligência pública." 

Paulo de Carvalho, professor de Teoria da Informação e Computação Gráfica na licenciatura em Engenharia Informática na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.






     Qualquer universidade terá as mesmas razões de queixa e é importante a ressalva de que estes problemas nada têm a ver com falta de capacidades das gerações mais novas.
     Os alunos chegam neste triste estado ao final do Ensino Secundário devido à conjugação de vários factores, sendo de realçar os que são da responsabilidade dos agentes políticos: a moda que impõe o lúdico como principal caminho pedagógico (anatematizando a memorização e a repetição e, até, a compreensão), a imposição de um estatuto do aluno progressivamente permissivo no que se refere à assiduidade e ao comportamento e o facilitismo progressivo de todos os aspectos curriculares.
     No meio disto tudo, os professores, infelizmente, têm cada vez menos espaço para terem culpas, porque a sua função está reduzida à de um proletário indiferenciado que se deve limitar a cumprir ordens caídas das luminárias tão governativas como ignorantes.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Guerra à sua alma




A alma é, pelo menos, aquilo que sobra de nós. Deste homem com quem antipatizo (o que o deve ter incomodado imenso) fica uma alma que nos desafia, feita de muitas palavras e de muitos gestos. Penso que ele gostará que continuemos a guerrear com essas palavras e com esses gestos.

Assim se percebe o encerramento das escolas

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Com o patrocínio de Bruna Real


"Desertificação transforma escola em clube de strip"


AA

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Learningstreet Boys - entrevista



Material de apoio: aqui e aqui.


     os dias do pisco foi conhecer a nova sensação do panorama artístico português, os Learningstreet Boys, a banda que, no dia em que publicar um dos seus muitos projectos, poderá alcançar vários discos de platina, a não ser que não venda discos suficientes e, nesse caso, será diferente.



os dias do pisco – Queríamos começar por saber onde foram buscar o vosso nome?


Learningstreet Boys – Então, tipo, boys é porque somos gajos; o resto é por causa da Escola onde a gente andámos.

os dias do pisco – A parte dos boys já desconfiava. Expliquem lá o resto.


Learningstreet Boys – Bem, isto foi por causa de uma cena tipo uma cota lá da escola onde a gente andávamos que esteve em obras – não é a cota, é tipo a escola é que esteve em obras – e que disse que depois das obras a cena das aulas já não era nas salas, era mais assim na boa, pelos corredores e tal e era tipo um sistema que era chamado learningstreet, porque era como se os corredores da escola fossem tipo ruas e cenas assim e a gente ia passar e se um profe passasse a gente aprendíamos.

os dias do pisco – Então, e se não passasse nenhum professor?

Learningstreet Boys – Olha, se não passasse, a gente também não o íamos chamar.


os dias do pisco – E acham que esse sistema resultou?


Learningstreet BoysMan, é assim, da parte da street, podes crer, do learning foi um bocado naquela e olha que a gente até passámos a ir mais às salas de aula do que dantes.


os dias do pisco – Porquê?


Learningstreet Boys – É que havia sempre tipo o perigo de encontrar algum profe nos corredores.


os dias do pisco – Mas eles andavam pelos corredores à vossa procura?


Learningstreet Boys – Ná, eles toparam as cenas depressa e passaram a ir para a Biblioteca. Como aquilo tinha livros e cenas assim de ler a gente também não aparecíamos lá. A cena mais chata era quando tínhamos de ir tipo ao bar e um gajo podíamos topar com um profe. Era por isso que a malta mandávamos sempre um que fosse mais totó e dizíamos-lhe que os profes já tinham basado todos.


os dias do pisco – E as canções do vosso projecto falam também dessas vossas experiências?


Learningstreet Boys – Man, podes crer, até temos uma faixa que chama-se “Não vás ao bar, Toino.”

domingo, 6 de junho de 2010

Um balanço desnecessário

     A ignorância é o estado normal da humanidade e já se sabe há muito tempo que sábio é aquele que se sabe ignorante. Os problemas surgem da inconsciência dessa ignorância, porque aquele que não sabe que é ignorante acredita que já sabe tudo. O problema surge, portanto, quando o ignorante é atrevido.
     O que é um ignorante atrevido? É alguém que, não sabendo que é ignorante, emite opiniões sobre os assuntos que, exactamente, ignora. Não sei se este retrato corresponde à maioria dos portugueses, mas parece-me um dos principais passatempos lusos, com reflexos inocentes no futebol e consequências gravíssimas na Educação. No futebol, nenhum presidente de clube vai a uma tasca contratar para treinador um qualquer fala-barato que grite soluções para os problemas da sua equipa; na Educação, é fácil (e, até, preferível) a qualquer desconhecedor do assunto chegar a Ministro. À primeira vista, Isabel Alçada distingue-se bem dos gritadores agressivos que enxameiam as tabernas portuguesas, afiançando que fariam melhor. Maria de Lurdes Rodrigues já se encaixava melhor numa tasca, sobretudo se fosse preciso haver porrada. A verdade, no entanto, é que qualquer uma destas senhoras e respectivos secretários de estado não foram mais do que títeres nas mãos do núcleo duro socrático, cuja preocupação com a Educação é pura e simplesmente inexistente e, quando declarada, postiça.
     Um ignorante atrevido é um incómodo; um ignorante atrevido e poderoso é um problema. Os decisores políticos sobre Educação em Portugal, nos últimos anos, vão além disso: não querem saber. Limitam-se a ser atrevidos e poderosos. A Escola Pública é apenas um mal necessário cujo peso no Orçamento de Estado deve ser constantemente minimizado e tudo tem servido esse propósito (aulas de substituição, pseudo-avaliação dos professores, anatematização acrítica da reprovação, fecho de escolas, criação de mega-agrupamentos, etc.). Para fazer de conta, os decisores usam frases mais vazias que bonitas, com a ajuda de entidades e/ou pessoas que, por conveniência ou ignorância, proporcionam apoio ao desastre que tem sido a política educativa.
     O discurso sobre Educação é, aliás, baseado na mais absoluta desfaçatez. Como exemplos mais recentes, temos Isabel Alçada a afirmar que não é facilitismo conferir a possibilidade de um aluno passar directamente do 8º. para o 10º ou Sócrates a considerar “criminoso” não fechar às cegas escolas do primeiro ciclo, isso sim um crime.
     Que fazer diante de todo este amontoado de disparates? Em primeiro lugar, sentir um quase saudável desencanto. Depois, continuar a pensar nos modos de reagir, sobretudo se saírem da quadratura que se limita a greves ou a manifestações. Continuando a não possuir receitas, acredito que a solução passará por sistematizar/recuperar ideias sensatas sobre Educação (e não apenas nem sobretudo sobre a corporação docente) e torná-las públicas, até ao dia em que uma larga maioria dos cidadãos se preocupe genuinamente com o tema, a ponto de os políticos perceberem que não podem continuar a ser ignorantes.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Que vergonha! Com a incompetência toda à mostra!

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                    "Professora que posou para a "Playboy" foi afastada dos alunos"






     Pode-se discutir se um professor deve ou não cuidar da sua imagem pública? Pode. Poderá a exposição pública da nudez ser motivo para despedimento de um professor? De certeza, se ocorrer na escola; muito provavelmente, se for na via pública. A partir daí, só gente muito portuguesinha e salazarenta é que pode sobrepor essa questão à de se saber se um professor (ou um médico ou um trolha) é ou não competente. Se a senhora tivesse roubado uns gravadores, tudo lhe seria perdoado.
     Entretanto, a parte engraçada da notícia está relacionada com o facto de a revista estar esgotada em Mirandela. Até imagino o tamanho da indignação que vai dentro de cada lar...