Numa leitura recente, deparei-me com a seguinte frase: “A crença é mais forte do que o conhecimento.” O autor é Umberto Eco e a ideia tem atravessado os séculos, sendo possível encontrá-la, por exemplo, no célebre verso de Pessoa “O mito é o nada que é tudo”. Já se sabe que em terrenos onde não vinga a razão, florescem mitos e falácias.
O problema das mitos e das falácias reside na facilidade com que prejudicam também quem não acredita neles, porque, usando vários caminhos, podem arrastar multidões ou ocupar as tribunas do poder, apelando, sempre, à emoção e disfarçando-se, por vezes, de discurso aparentemente racional e razoável.
A Educação, em Portugal, tem sido um dos grandes reinos das falácias e dos falaciosos, competindo com o futebol como tema que qualquer um domina, sobretudo porque o ignora.
A investida governamental nesta área foi tão brutal e desajeitada que acabou por ter o efeito de acordar muita gente adormecida, transformando a Educação, por fim, num tema amplamente debatido, numa época em que a blogosfera permite que as ideias possam circular sem que os seus autores dependam dos filtros mediáticos que dão ou retiram visibilidade aos assuntos.
É importante que se diga que as falácias relativas à Educação arrastam-se há vários anos, mas não há dúvida de que a legislatura socrática soube dar-lhes um embulho comunicacional de aparência credível. Para além disso, muitos opinantes mais ou menos (ou nada) bem-intencionados têm ajudado a consolidar como verdades as mesmas falácias que este e outros governos têm impingido a uma opinião pública mal informada e com pouca vontade de se informar.
As ditas falácias espreitam em todas as esquinas, integrando a linguagem dos decretos-lei, dos discursos comicieiros ou das crónicas de jornal e tanto podem planar no mundo etéreo de uma pretensa filosofia da educação como podem notar-se na aplicação de medidas concretas.
As ditas falácias espreitam em todas as esquinas, integrando a linguagem dos decretos-lei, dos discursos comicieiros ou das crónicas de jornal e tanto podem planar no mundo etéreo de uma pretensa filosofia da educação como podem notar-se na aplicação de medidas concretas.
Tenho-as coleccionado mentalmente e apetece-me partilhar algumas, não para ser original, mas para as agrupar. Às vezes, juntar o lixo torna mais fácil deitá-lo fora. Aqui ficam os pequenos detritos. Chamei-lhes “A Educação e as duas falácias amestradas.”
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