quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ganhámos!


     No Domingo à noite, peguei na bandeira do Glorioso e fui comemorar a conquista de mais um campeonato. Foi muito difícil, porque as equipas pequenas agora também estão muito bem preparadas. Mas ganhámos. Foi por menos, mas ganhámos. “Isto também não podia ser sempre goleadas todos os Domingos.” foi o que disse no café da rua o Zeferino, que é treinador principal na Junta de Freguesia.
     O meu puto ainda me disse: “Ó pai, olha que a festa de hoje não é por causa do futebol. É da política!” O miúdo, desde que começou a calibrar competências nas Nova Zoportunidades acha que percebe de tudo, como se eu não tivesse visto aquele senhor na televisão que é também do futebol a gritar “Ganhámos!” e a dizer gondomarenses, que até faz lembrar belenenses.
     E mais a mais, também não há grande diferença. É pessoal a apitar nos carros, a abanar as bandeiras e ver quem grita mais alto. É verdade que não há bola, mas, por exemplo, quando saí, de manhã, para beber o copito de favaios, vi aquele pessoal todo a ir lá à escola primária votar. Até parecia que iam todos à bola, mas sem cachecóis. Ainda pensei em também ir votar, mas aquilo mete papel e canetas e eu dou muitos erros a escrever, ainda me enganava. E pensei que já que não voto, olha, bebo mais um favaios. Depois, como já estava a chegar a hora de ir para casa, bebi mais três, enganei-me e fui votar. Entrei numa data de salas, porque não se percebia nada das informações e ainda tive de me chatear porque uma gaja que até parecia uma senhora me disse que eu tinha um bafo a álcool que se ouvia a quilómetros e eu chateei-me e disse-lhe que não era nada álcool, era favaios e até lhe chamei outra coisa que agora não posso dizer, porque estão aqui senhoras, não estão gajas.
     Quando cheguei a casa, já a patroa estava na sala e começou a gritar e a confundir favaios com álcool outra vez e não me deu de comer só porque já eram sete da tarde, que não eram horas de almoçar, que eu não tinha dito nada. Ora, eu já estava lixado porque, no fim de contas, não me tinham deixado votar, lá por causa do bafo e do barulho e porque era preciso um cartão de leitor e ainda tive de me chatear outra vez porque parecia que me estavam a chamar analfabeto e eu não preciso de cartão nem para ler nem para votar, era o que faltava.
     Vai daí, vi na televisão que tinham ganho os gajos em que eu ia votar se me tivessem deixado. Não foi cedo nem foi tarde. Fui buscar a bandeira do Glorioso e fui para a rua aos gritos. Ao princípio, ainda se metiam comigo a dizer que estava no filme errado, a chamarem-me nomes e a rirem-se, até parecia que não andavam a fazer as mesmas figuras que eu. Olha, fui ao café e bebi mais dois favaios. Foi remédio santo: não me lembro de mais ninguém a chatear-me por causa da bandeira.

1 comentário: