quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Jornalistas portugueses trabalham cada vez menos






“(...) de acordo com os dados da OCDE, os professores portugueses trabalham menos horas que a maioria dos seus colegas da União Europeia. Segundo o estudo ‘Education at a Glance 2009', um professor em Portugal trabalha cerca de 39 horas por semana, um valor que conta também com o trabalho de preparação de aulas e estudo individual fora da escola. A média dos países da União Europeia (UE) é de mais de 42 horas. Mesmo assim, onde se regista uma maior carga horária nos docentes portugueses é no tempo passado na escola: 34 horas para Portugal contra cerca de 30 para restantes países da UE.”




     O Paulo Guinote comenta aqui esta notícia com a acuidade do costume. 
    Pela minha parte, como ando a fazer um curso acelerado e autodidacta de comunicação social, faço o que qualquer pessoa de bom senso faria: copio os profissionais. E o que faz um profissional da comunicação social? Escolhe um título sensacionalista e aproveita o texto para deixar claro que nem investigou nem pensou, que não há tempo para isso, porque o tempo corre muito nos tempos que correm. Uma correria, portanto.
     O título da notícia não está mal: a indicação da nacionalidade dos professores em causa deixa antever uma comparação com malta estrangeira, palavra que até rima com trabalhadeira. Pelo título podemos, ainda, adivinhar que os professores portugueses trabalham menos do que todos os outros ou, pelo menos, a maioria.
     Depois de resumir as queixas dos sindicatos, o comunicador social que escreve o texto atira com dados da sempre insuspeita OCDE. O que sabe a OCDE sobre os professores portugueses? Que trabalham 39 horas por semana, 34 das quais na escola. Deduz-se, portanto, que, em média, os professores portugueses trabalham cinco horas fora da escola.
     Imaginemos, agora, que o comunicador social era um jornalista. Qual deveria ser a questão a colocar? Proponho a seguinte: sendo relativamente fácil descobrir quantas horas passa um professor numa escola, como sabe a OCDE (e, já agora, o SIS ou até os cônjuges dos professores) quanto tempo ocupa o professor a trabalhar fora da escola? Para um jornalista, uma pergunta destas seria obrigatória; para um comunicador social , só é preciso comunicar socialmente, acho eu.

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