Este texto do Paulo Prudêncio leva-me a recuperar uma ideia instintiva: não há aprendizagem sem desconforto como não há exercício físico consequente sem, pelo menos, uma pontinha de dor. A Escola deve servir, evidentemente, para ajudar os alunos a ultrapassar obstáculos, obstáculos, por vezes, criados pela própria Escola. Esses obstáculos devem ter dificuldade crescente. Aprender deve ter sempre um lado desconfortável e o conforto deve ser efémero, porque haverá sempre um novo obstáculo por ultrapassar.
Tudo o que governantes e acólitos debitam sobre Educação vai no sentido de permitir ao aluno o maior conforto possível: é preciso que os professores falem a linguagem dos alunos, em vez de estes contactarem com signos que os possam obrigar a pensar; é imperativo que se permita que os alunos façam um uso liberal dos conceitos de assiduidade e de pontualidade, dando-lhes abundantes hipóteses de recuperar aulas ou volume de formação; é obrigatório compreender o aluno indisciplinado, ignorando absolutamente o valor eventualmente dissuasor e provavelmente pedagógico da punição; é forçoso levar o aluno a pensar que a aprovação é um direito inalienável como acessório é qualquer esforço que o faça merecer essa mesma aprovação.
Estas manobras têm bons resultados nas estatísticas, mas, também neste caso, “os números são utilizados como adesivos para tapar cancros.” (com a devida vénia a Nicholas Freeling, em Lady Macbeth).
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