A Educação em Portugal tem estado sujeita a uma política que pode ser caracterizada como contabilístico-ignorante. Os principais prejudicados são e serão os jovens.
Para convencer os portugueses da validade dessas políticas, várias têm sido as estratégias utilizadas, como a oferta de diplomas ou o anúncio de estatísticas de (aparente) sucesso, para além do ataque à classe docente.
Na actual legislatura, sem o abrigo da maioria absoluta, tem havido maior contenção e Sócrates resolveu substituir a bruxa má por uma hospedeira sorridente, com instruções para fazer de conta que vai ser tudo diferente.
Apesar disso, e ainda que pela calada, os professores continuam a ser acusados de constituírem um fardo pesadíssimo para o erário público, tal como, aliás, toda a função pública.
No que respeita à classe docente, é necessário deixar muito claro o seguinte: os professores financiam o Estado, ou seja, o patrão.
Em primeiro lugar, pagam impostos, tal como acontece com qualquer trabalhador por conta de outrem.
Para além disso, os professores pagam, por inteiro, as deslocações entre a residência e a escola ou a maioria das deslocações que possam efectuar com intuitos profissionais (como, por exemplo, para assistir uma conferência ou para comprar um livro). Pagar deslocações implica despesas com títulos de transporte, combustível, portagens ou manutenção do automóvel.
Os professores compram, ainda, também por inteiro, livros, computadores, canetas, papel, tinteiros e outros materiais necessários à sua actividade.
Actualmente, e para cúmulo, os professores são, cada vez mais, obrigados a pagar as acções de formação, graças a uma política também desastrosa no âmbito da formação contínua.
Tudo isto é ainda mais grave no caso dos professores contratados ou em início de carreira.
Há gente em pior situação? Há, com certeza, mas começa a tornar-se demasiado maçadora a lengalenga dos privilégios dos professores e do peso que representam no orçamento. Não discutindo o merecimento, que dizer da tabela remuneratória dos deputados da nação? Que dizer de tantas e tantas despesas de representação espalhadas pelo aparelho do Estado ou da renovação constante de frotas automóveis ou das dívidas acumuladas por Alberto João Jardim?
Depois, temos de aturar o ar ofendido da deputada Inês de Medeiros ou discursos como o deste senhor a aconselhar "a suspensão temporária dos subsídios de Natal e de férias”?
Se calhar, fico chateado, com certeza que fico chateado.
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