Um dos ataques de que os professores são alvo quando apresentam reivindicações é o de corporativismo, ou seja, estaríamos diante de uma classe inteira que viveria apenas preocupada com os seus interesses, muitas vezes – ou sempre – contrários aos interesses do país e até ofensivos para outras classes menos privilegiadas.
Não pondo de parte essa hipótese, a verdade é que a crítica, em Portugal, é muito mais visceral do que racional, baseada mais em reflexos condicionados do que no desejo de compreender. Assim, quem quer que proteste poderá suscitar reacções e raramente reflexões. Tem sido o caso dos professores.
Nada disto deve impedir os professores de protestar, partindo do princípio de que não o fazem por mero corporativismo. Pelo contrário, se os professores acreditam que as suas reivindicações são justas têm o dever de as exprimir, mesmo que a opinião pública possa manifestar a esse respeito uma antipatia tantas vezes alimentada pelo poder político.
Assim, as questões relacionadas com avaliação, progressão na carreira e vencimentos deverão continuar na ordem do dia, devendo os professores manter, nesses campos, a necessária firmeza.
No entanto, há, na minha opinião, muitas outras questões que têm ficado numa (conveniente?) penumbra, escondidas atrás dos monstros da avaliação e da carreira docente. É importante trazer essas questões para a luz. Antecipo alguns exemplos: o empobrecimento da formação contínua, as insuficiências da formação inicial, a destruição de facto do estágio pedagógico ou a constante reconstrução curricular. Deixarei alguns apontamentos em próximos textos, sob a categoria “Educação – um pouco do muito que falta fazer”.
Finalmente, penso que é imperioso que os professores consigam sistematizar os problemas da Educação e torná-los públicos. Reagir é necessário, mas não suficiente.
Viva Fernando.
ResponderEliminarConcordo com este caminho.
Abraço.