A violência tem ocupado um lugar cada vez maior na Escola, sendo o suicídio de uma criança repetidamente agredida o ponto em que essa violência está muito para lá do inaceitável. Aliás, o adjectivo “inaceitável” nunca foi usado pelos irresponsáveis políticos no comentário aos vários casos de violência; em seu lugar, a inenarrável Maria de Lurdes Rodrigues usava sempre adjectivos como “pontual” ou “residual”, quando se impunha uma crítica severa a qualquer agressor.
A verdade é que a Escola tem ficado cada vez mais desprotegida, face a um crescendo de violência cuja existência só pode ser negada por quem esteja preocupado com estatísticas de sucesso e não com sucesso. As soluções para combater este problema têm de ser variadas e não há ninguém que deva ficar de fora. Um dos problemas consiste em saber de que precisa a Escola para dar o seu contributo para este combate.
Entre outras coisas, há que redefenir o conceito de violência, como, de certo modo, lembra o Paulo Guinote. Na realidade, o simples facto de haver aulas constantemente boicotadas é uma forma de violência, não só sobre o professor, mas igualmente sobre os próprios alunos (incluindo os que praticam esse acto de violência).
A partir daí, há que criar um Estatuto do Aluno que permita impor disciplina sem deixar de ser pedagógico, dotar as escolas de recursos humanos complementares à docência (psicólogos, assistentes sociais e auxiliares de acção educativa) e impor regras de exigência no funcionamento de cursos profissionais e de educação e formação. A par disso, acredito que continua a ser importante o Estado assumir a função de pressionar todas as entidades exteriores à Escola para que contribuam para a Educação dos jovens. A Escola não pode continuar a ser o disfarce dos problemas sociais.
Numa Democracia, o sistema educativo tem de ser, necessariamente, inclusivo. Diria mesmo que, em Democracia, a Educação deve ser uma ditadura imposta aos cidadãos. Por enquanto, essa inclusão ainda não passa de ilusão.
Olá Fernando, concordo com tudo o que dizes. Penso ainda que as questões da violência/ bullying se devem equacionar numa perspectiva de ciclo vicioso entre o papel de agressor e de agredido. O agredido vai potencialmente transformar-se num agressor e habitualmente tudo começa na 'ninho'/família. Mais uma vez, não se fala das responsabilidades (e não falo de culpas) das familias das crianças envolvidas, só dos agentes escolares... Infelizmente, muitas vezes o agredido não transforma a sua raiva em ódio contra os outros mas sim crontra si próprio, e acontecem estas tragédias...
ResponderEliminarRosa Duarte
Olá, Rosa. Obrigado pelo comentário. É por isso que penso que o Estado deve encontrar modos de intervir na família, por exemplo, através de campanhas informativas, dando indicações práticas sobre o modo de acompanhar a educação dos filhos. Na realidade, há que assumir que existe um problema educativo por resolver dentro e fora da escola.
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