quarta-feira, 5 de maio de 2010

Isabel Alçada, uma mulher com estudos

 Isabel Alçada também recusou a ideia da diminuição do número de alunos por turma. “Temos estudos que demonstram que o nosso país tem um número de alunos por turma que permite um trabalho efectivo. Nós temos estudos que demonstram também que reduzir as turmas muito – ao contrário do que as pessoas intuitivamente pensam – não melhora a aprendizagem. Quando as turmas são muito pequenas, os resultados de aprendizagem são piores quando as turmas têm, por exemplo, 20 alunos. Isso causa perplexidade e incompreensão, mas é um facto que está estudado e comprovado”, refere.


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     Estas declarações de Isabel Alçada fazem parte de uma estratégia recorrentemente utilizada pelos governantes: justificam medidas com estudos que muito raramente são divulgados. Sócrates é especialista neste tipo de argumentação e costuma ir mais longe: a expressão que usa, independentemente da área a que se esteja a referir, é “todos os estudos apontam para…”. Sócrates, tal como Isabel Alçada, é, portanto, um homem com muitos estudos.
     Nas raras ocasiões em que os estudos são apresentados, melhor teria sido que não o tivessem sido, como é o caso daquela coisa que era praticamente da OCDE, na qual participou Alexandre Ventura, actual secretário de estado da Educação.
     Esta gente pauta toda a sua conduta por falta de rigor e de honestidade, o que não levantaria grandes problemas, se se tratasse, vá lá, de um comportamento entre cônjuges, o que nos retiraria o direito de meter a colher. Quando a vítima é um país inteiro, com várias gerações incluídas, a coisa fia mais fino.
     Para começar, não seria mau que deputados e jornalistas se habituassem a pedir as referências da abundante documentação que povoa os discursos de quem está no governo. Já se sabe que a resposta seria qualquer coisa como “são estudos que toda a gente conhece” ou “tenho na mesinha de cabeceira, mas não me lembro do título agora”, o que confirmaria a ignorância e reforçaria o divertimento.
     Entretanto, as grandes questões educativas continuam por resolver. Uma delas é, efectivamente, o número de alunos por turma, com implicações, por um lado, na qualidade das aprendizagens, no caso das turmas grandes, e, por outro, na extinção de disciplinas fundamentais, como o Latim.

1 comentário:

  1. 08-Jun-2004
    "O próximo ano lectivo começa a 16 de Setembro nas escolas básicas e secundárias, com uma redução (de 25 para 24) no número máximo de alunos por turma no primeiro ciclo, anunciou na terça- feira o ministro da Educação.

    "A ideia é à medida que tivermos efeitos do processo de agrupamento das escolas e reordenamento da rede traduzirmos isso em turmas ligeiramente mais pequenas", justificou o ministro da Educação, David Justino, apontando a meta dos 20 alunos por turma do 1/o ciclo de escolaridade."

    Aí está uma boa medida de como a educação portuguesa vive num aleatório regime de catavento.

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