quinta-feira, 13 de maio de 2010

O bom ladrão

    
     Ricardo Rodrigues, essa gigantesca figura da República, vem dizer que pede desculpas a todos os que não perceberam por que motivo roubou ficou com os gravadores dos jornalistas. Há uma coisa que eu percebi, há muitos anos: é feio mexer naquilo que é dos outros, sem autorização precisamente desses mesmos outros. Foi uma coisa que os meus pais me ensinaram. Por isso, percebo, ainda, outra coisa: ou os pais do senhor deputado não lhe ensinaram o mesmo ou ensinaram, mas ele, por ter passado muito tempo, já se esqueceu.
     A sequência de comportamentos é estupenda (causa estupor, portanto): apropria-se de propriedade alheia sem autorização, atribui a responsabilidade desse acto aos lesados e acaba a pedir desculpa a todos menos a esses mesmos lesados. Em três momentos da sua vida, Ricardo Rodrigues poderia ter optado pelo caminho da rectidão, mas preferiu evitá-lo, talvez por ser um caminho que lhe é desconhecido e, portanto, assustador. Por outro lado, talvez se possa usar aqui a mesma desculpa da "fragilidade psicológica" com que o Director Regional de Educação de Lisboa solucionou o suicídio do professor em Fitares.
     Diante desta história, o chefe de bancada poderia ter optado pelo silêncio e preferiu o elogio; a bancada, segundo parece, aplaudiu.
     Talvez porque não quisessem ficar atrás, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista inviabilizaram que a conduta deste lídimo representante da nação fosse debatida na Assembleia. Seria interessante que estes dois partidos se explicassem, mas chego a ter medo. 

 

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